terça-feira, 11 de setembro de 2012


Como se morre de amor noutros Dias
(tributo a Gonçalves Dias)

Mara Freitas

Uma fascinação, uma fissura,
de repente tudo é urgente,
tudo muda de figura.
O chopinho vira uma festa.
O violão, uma orquestra.
Um que mal definido entra em ebulição.
Mas amor não é.
É só fervura.
Ninguém morre dessa queimação.
Amar é ter a alma em nevralgia entre o vício e a virtude.
Ser capaz de um tudo.
É entender Deus e ser feliz.
A um só tempo, ser triste e miserável e sozinho no mundo,
e agradecido pedir BIS.

Isso é amor, e desse amor se morre de overdose.
Amar é covardia.
É telepatia, telecinese,
é telefonar de madrugada e desligar antes de falar.
É não poder encarar.
Escancarar jamais.

Isso é amor, e desse amor se morre de febre recolhida.
Amar é correr o risco de ser amado
e, num dia de tédio do Destino,
separado.
É assim ser condenado sem juiz nem corte
a vegetar insone
e a invejar quem morre.

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