quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Terceira Idade

Inês Thomas


É estranho ouvir: "aproveitem, vocês estão na terceira idade".Como se fosse um privilégio.
Meu primeiro choque foi o aumento do plano de saúde. Não estava doente, não parei de trabalhar. Só estava com 60 anos (um a mais que 59)... e o plano estava se aproveitando da MINHA terceira idade.

Usar a fila de idosos aos 60? Não. É covardia com quem tem 59. Fazer a carteirinha para não pagar passagem? Ótimo. Meia entrada em cinema e espetáculos? Maravilha. Ser chamada de vó ao invés de tia pelos pedintes na rua? Como assim?

- Ela tem 62, mas tem cabeça de jovem. Isto é para ser um elogio? O que adianta a bagagem que os anos me trouxeram? Não quero ser jovem aos 62. Quero me reciclar, aprender, conviver e tentar ser melhor e continuar feliz.

Percebi que tinha entrado na tal terceira idade quando deixei de ter 59, pois a sociedade deixa bem claro que ela tem data marcada para chegar, e é pontual. Gosto da idade e da experiência que adquiri. Não me sinto incapaz de tentar fazer coisas novas. Tento deixar coisas boas pelo caminho. 

A idade do corpo é cronológica; é líquida e certa. A idade do espírito depende de cada um. Essa é a nossa grande vantagem.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Trava-línguas

Edith

RENÚNCIA -> é fraquejar, não lutar, deixar o barco virar, tudo largar sem reivindicar nem opinar, não falar; preferir calar; renunciar.

ALÍVIO -> é a dor ir embora na mesma hora sem demora, com uma voz sonora, comendo uma amora; e não brigar com a nora é o que peço agora.

CASTIGO -> é não poder estar contigo, ter uma coceira no umbigo, ter vitiligo; tudo é um perigo: não ter abrigo, te querer comigo. Eta, castigo!

CALMA -> é serenidade, é suavidade, é até sustentabilidade; é sentir saudade sem fazer alarde; e saber viver em sociedade.



As meninas do curso Experimentando Textos 2012-2 da UNATI/UNILASALLE




Oficina de Expressão Oral

Manchetes do Telejornal Nacional

Te cuida, Fátima Bernardes!






Como se morre de amor noutros Dias
(tributo a Gonçalves Dias)

Mara Freitas

Uma fascinação, uma fissura,
de repente tudo é urgente,
tudo muda de figura.
O chopinho vira uma festa.
O violão, uma orquestra.
Um que mal definido entra em ebulição.
Mas amor não é.
É só fervura.
Ninguém morre dessa queimação.
Amar é ter a alma em nevralgia entre o vício e a virtude.
Ser capaz de um tudo.
É entender Deus e ser feliz.
A um só tempo, ser triste e miserável e sozinho no mundo,
e agradecido pedir BIS.

Isso é amor, e desse amor se morre de overdose.
Amar é covardia.
É telepatia, telecinese,
é telefonar de madrugada e desligar antes de falar.
É não poder encarar.
Escancarar jamais.

Isso é amor, e desse amor se morre de febre recolhida.
Amar é correr o risco de ser amado
e, num dia de tédio do Destino,
separado.
É assim ser condenado sem juiz nem corte
a vegetar insone
e a invejar quem morre.